sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Ronaldo Câmara Fotografias


Fotografando Nara Leão, ambos em início de carreira
Vinícius de Moraes
Chico Buarque
Elis Regina
Elis e Ronaldo Boscoli
Maisa
Nonato Buzar
Tom Jobim
 Agildo Ribeiro
Armando Nogueira / Borjalo
Toni Tornado / Arlete Sales
Boni
Carlinhos de Oliveira

Chacrinha / Mãe

Ronaldo Câmara por Ziraldo

Conheci Ronaldo em meados dos anos 60 na redação de O Cruzeiro. Como eu estava fazendo uns bicos na Fairplay, a primeira revista masculina brasileira, e gostava de suas fotos de mulher bonita, andei encomendando a ele algumas dessas fotos para enfeitar a publicação.
Naquela época não existiam as grandes produções de hoje, com equipes de mais de 10 pessoas, para uma matéria. Eram o fotógrafo e a modelo em alguma locação escolhida. Uma casa bonita, uma praia deserta, algum lugar sem muitos transeuntes.
Como ele era exclusivo de O Cruzeiro, a cada mês eu inventava um sobrenome diferente para ele: Ziguis, Plaffs, Sdrufs, Stress....
Lembro nitidamente de um ensaio com a atriz Darlene Gloria na Floresta da Tijuca, em que foi praticamente impossível escolher quais fotos publicar, tal a beleza e espontaneidade da modelo. Ele aprendeu muito com modelos como a Darlene.
Acompanhei Ronaldo pelos créditos de seus trabalhos. Eram constantes as capas do Ela, suplemento feminino de O Globo, aos sábados, editado por Nina Chavs. Algumas fotos ficaram famosas como essa da Maysa olhando o leitor com aquele olhar fulminante.

Nunca perdemos contato, sempre nos encontrando profissionalmente ou nos bares que frequentávamos, o Antônio’s, o Luna e tantos outros. Durante um período, ele virou piloto de helicóptero, o que chamei de sua fase “Indiana Jones”. Aproveitava e fotografava indígenas e habitantes da Amazônia. Trabalhando como fotógrafo e piloto de helicóptero participou de filmagens como a do filme Moonraker, mais um James Bond, quando foi convidado para pilotar helicópteros em Hollywood. Não aceitou o convite alegando que lá não tinha um Antonio’s. (Esta nota é dele).
Nos últimos 20 anos nossa convivência foi mais intensa, com viagens divertidíssimas em Petrópolis, Teresópolis, pelo mundo. Ele devia reunir tudo em um livro.
O acervo de Ronaldo sobre pessoas, suas centenas de amigos, indígenas, povos da floresta e personalidades do Rio, é um verdadeiro estudo antropológico dos muitos países que convivem em um mesmo Brasil.


CARA A CARA


Tem fotógrafo que ao ser chamado de "retratista" responde imediatamente com um "é a vovozinha!" e exige mais respeito, onde já se viu? Ronaldo Câmara é de outra estirpe. Sorridente, bem-educado, cavalheiro e sabedor das coisas, ao ser chamado de retratista ele manda um "com muita honra".
Ele é retratista assumido, no bom sentido da expressão. Rotula-se assim pelo orgulho de reconhecer que há alguma coisa além do refinamento de ajustar as lentes e afinar o foco. Tente copiá-lo seguindo apenas os manuais de ajustes técnicos da boa fotografia. Vai sair direito, mas triste. Faltará alma, borogodó. Só os críticos de sensibilidade muito simples acham que tudo não passa de uma operação banal, de seguir as ordens dos fotômetros a respeito da luz, do diafragma, e apertar o dedo na cara da vítima. O bom retrato é mágica mais delicada.
Eu gosto dos retratos de Ronaldo Câmara porque, além de dominar toda essa técnica de filtros, obturadores e ASA, ele é o tipo do fotógrafo que chega junto do seu personagem. "Chega junto" no sentido físico mesmo da operação. Ele parece ter nessa aproximação de corpos uma vontade de mostrar por dentro o sujeito que está à sua frente e passar a intimidade dele para quem vê a foto depois. Um título para o seu trabalho poderia ser "cara a cara".
Ronaldo gosta de usar, embora eu não seja bom nessas especificações do seu ofício, uma meia-tele. Isso aumenta a sensação de ele estar a um dedo do fotografado. Fica perto, mas deixando, com o artifício da tele, um espaço para que ele e o retratado respirem. E assim, como se nada estivesse acontecendo, ninguém se inibindo com a presença dos cliques, ele deixa que as coisas se eternizem com suavidade. Não é só a fotografia, é a relação.
Eu gosto dos retratos de Ronaldo Câmara porque passam a impressão de que por trás da câmera há alguém que gosta de quem está à frente dela. Um ser humano que gosta de gente em geral e gosta de vê-las olho no olho. Outro título para seu trabalho poderia ser "quanto mais perto melhor". Nada de grande angular ou muitos adereços completando a cena, tirando o brilho do personagem central.
Em meio século de cliques - responsável por uma galeria impressionante de retratos definitivos de mulheres lindas e homens talentosos -, ele deixou a vaidade de lado. Ronaldo privilegia o sucesso visual do fotografado. Joga a favor. Não é pouco elogio numa profissão que inventou tantos fotógrafos célebres, ridículos projetos de tiranos escondidos em seus divinos cliques.
Ronaldo Câmara é cúmplice de quem lhe vai à frente das lentes. Nada de pose bizarra, nada de complicação que faça com que o fotógrafo brilhe mais do que o fotografado. Pede que você sorria, ou fique sério, ou levante mais o queixo, ou os ombros. Ele não complica. E sempre enchendo o quadro da foto com o rosto ou o corpo do retratado, para que não haja dúvidas de quem é a grande estrela daquele trabalho.
Eu já tive o retrato feito por esse grande retratista e sei do que estou falando. Eu sorri. Dei a cara ao clique. Relaxei. Ronaldo Câmara quer que você fique bem na foto.
Joaquim Ferreira dos Santos é jornalista e escritor.

Joaquim Ferreira dos Santos
Pelé
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Emile Mae
Emile Mae
Emile Mae 
Emile Mae
Emile Mae
Emile Mae
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Povo Araras
Beiços de Pau
Povo Araras
Povo Beiço de Pau

Um comentário:

JPVeiga - Variz da Meiga e Mariz Conzê disse...

Sensacional! Nos mostra com a sensibilidade de um artista, toda a inocência e força dos índios! Muito bom!


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